2leep.com

Sunset Weed by Corey Bigler


Natureza
(Ivanildo Vilanova e Xangai)



É o céu uma abóbada aureolada


Rodeada de gases venenosos


Radiantes planetas luminosos


Gravidade na cósmica camada


Galáxia também hidrogenada


Como é lindo o espaço azul-turquesa


E o sol fulgurante tocha acesa


Flamejando sem pausa e sem escala


Quem de nós pensaria apagá-la


Só o santo doutor da natureza


De tais obras, o homem e a mulher


São antigos e ricos patrimônios


Geram corpos em forma de hormônios


Criam seres sem dúvida sequer


O homem após esse mister


Perpetua a espécie com certeza


A mulher carinhosa e indefesa


Dá à luz uma vida, novo brilho


Nove meses no ventre aloja o filho


Pelo santo poder sã natureza


O peixe é bastante diferente


Ninguém pode entender como é seu gênio


Reservas porções de oxigênio


Mutações para o meio ambiente


Tem mais cartilagem resistente


Habitando na orla ou profundeza


Devora outros peixes pra despesa


E tem época do acasalamento


revestido de escamas esse elemento


Com a força da santa natureza


O poroquê ou peixe-elétrico é um tipo genuíno


Habitante dos rios e águas pretas


Com ele possui certas plaquetas


Que o dotam de um mecanismo fino


Com tal cartilagem esse ladino


Faz contato com muita ligeireza


Quem tocá-lo padece de surpresa


Descarga mortífera absoluta


Sua auto voltagem eletrocuta


Com os fios da santa natureza


Tartaruga gostosa, feia e mansa


Habitante dos rios e oceanos


Chegar aos quatrocentos anos


Pra ela é rotina, é confiança


Guarda ovos na areia e nem se cansa


De por eles zelar como defesa


Nascido os filhotes com presteza


Nas águas revoltas já se jogam


Por instinto da raça não se afogam


E pelo santo poder da natureza


O canário é pássaro cantor


Diferente de garça e pelicano


Papagaio, arara e tucano


Todos eles com majestosa cor


O gavião é um tipo caçador


E columbiforme é a burguesa


O aquático flamingo é da represa


A águia rapace agigantada


Eis o mundo das aves a passarada


Quanto é grande, poderosa e bela a natureza


A gazela, o antílope e o impala


A zebra e o alce felizardo


Não habitam em comum com o leopardo


O leão e o tigre-de-bengala


O macaco faz tudo mas não fala


Por atraso da espécie, por franqueza


Tem o búfalo aspecto de grandeza


O boi manso e o puma tão valente


Cada um de uma espécie diferente


Tudo isso é obra da natureza


Acho também interessante


O réptil de aspecto esquisito


O pequeno tamanho do mosquito


A tromba prênsil do elefante
A saliva incolor do ruminante


A mosca nociva e indefesa


A cobra que ataca de surpresa


Aplicar o veneno é seu mister


De uma vez mata trinta se puder


Mas isso é coisa da natureza


No nordeste há quem diga que o corão


Possui certos poderes encantados


Através de fenômenos variados


Prevê a mudança de estação


De fato no auge do verão


Ele entoa seu cântico de tristeza


De repente um milagre, uma surpresa


Cai a chuva benéfica e divina


Quem lhe diz, quem lhe mostra, quem lhe ensina?


Só pode ser o autor da natureza


Quem é que não sabe que o morcego


Com o rato bastante se parece


Nas cavernas escuras sobe e desce


Sugar sangue dos outros é seu emprego


Às noites escuras tem apego


Asqueroso ele é tenho certeza


Tem na vista sintoma de fraqueza


Porém o seu ouvido é muito fino


E um sonar aparelho pequenino


Que lhe deu o autor da natureza


Admiro a formiga pequenina


Fidalga inimiga da lavoura


No trabalho aplicado professora


Um exemplo de pura disciplina


Através das antenas se combina


Nos celeiros alheios faz limpeza


Formigueiro é a sua fortaleza


Onde cada uma delas tem emprego


Uma entra outra sai não tem sossego


Isso é coisa da santa natureza


A aranha pequena, tão arguta


De finíssimos fios faz a teia


Nesse mundo almoça, janta e ceia


É ali que passeia, vive e luta


Labirinto intrincado ela executa


Seu trabalho é bordado em qualquer mesa


Quem pensar destruir-lhe a fortaleza


Perderá de uma vez toda a esperança


Sua rede é autêntica segurança


Operária das mãos da natureza


A planta firmada no junquilho


Begônia, tulipa, margarida


As pedras riquíssimas da jazida


Com a cor, o valor, a luz, o brilho


A prata e o ouro cor de milho


O brilhante, a opala e a turquesa


A pérola das jóias da princesa


É difícil, valiosíssima e até


Alguém pensa ser vidro mas não é


É um milagre da santa natureza


O inseto do sono tsé-tsé


As flores gentis com seus narcóticos


As ervas que dão antibióticos


A mudança constante da maré


A feiúra real do caboréno


pavão é enorme a boniteza


Tem o lince visão e agudeza


E o cachorro finíssima audição


Vigilante mal pago do patrão


Isso é coisa da santa natureza?


A cigarra cantante dialoga


Através do seu canto intermitente


De inverno a verão canta contente


E a sua canção não sai da voga


Qualquer árvore é a sua sinagoga


Não procura comida pra despesa


Sua música sinônimo de tristeza


Patativa da seca é o seu nome


Se deixar de cantar morre de fome


Mas isso a gente sabe que é da natureza



Nenhum comentário: