2leep.com



Vermelho como o Céu ...

Vermelho como o Céu, novo filme do cineasta italiano Cristiano Bortone, traz a história verídica de Mirco Mencacci (Luca Capriotti), renomado montador de som de cinema, que perdeu a visão ainda na infância. Exatamente neste período, na infância, é que se passa toda a ação, mostrando primeiro o paese(vila) de residência de Mirco até o acidente com a espingarda do seu pai. O triste acontecimento que lhe custou, além da perda da visão, sua ida a uma escola especial para cegos em Gênova, distante dos pais e amigos.

Temos, portanto, alguns pontos de conflito: nova vida, dificuldades de adaptação, distanciamento dos pais; neste que representa um traço marcante de boas narrativas cinematográficas italianas, casa e escola, dentre tantas, do neorealismo.

Inicia, propriamente, pela perda da visão, ainda que não tenha sido uma perda completa num primeiro momento, com Mirco enxergando vultos borrados e, também por isso, se recusando, de início, a ser tratado como cego.
“Não sou cego”, ele diz, até não poder perceber, em uma cena belíssima por sua simplicidade, a lâmpada acesa, embora ligasse e desligasse várias e várias vezes o interruptor.

A percepção sensorial, ponto pacífico de todos que precisam confiar nos outros quatro sentidos é posta à prova quando um dos meninos, que já nascera cego, pede a seu novo amigo Mirco que descreva as cores. Ora, quem melhor do que um menino e sua mente livre de preconceitos para dizer
“vermelho... vermelho como o céu, quando anoitece” (“rosso come il cielo al tramonto”)?

A burocracia em oposição à liberdade
Por outro lado, a rejeição é marca do Estado italiano de então, que segregava as crianças cegas e as deixava sob a responsabilidade de um diretor, que por também ser cego, supostamente entenderia a realidade dos meninos e poderia, teoricamente, mantê-las sob controle. Por meio de um programa centralizado e burocrático, as crianças eram doutrinadas a obedecer, rezar e aprender um ofício manual, como empalhar cadeiras.

Essa situação incomodava o padre e professor Giulio, inspirador de Mirco na escola e simpatizante dos novos ares que começavam a passar pela educação. Na verdade, este conflito entre diretor e professor, com posições tão francamente opostas, molda o grande debate do filme: qual é o papel da liberdade na evolução do indivíduo? Para o professor, o conceito de formação imposto de cima era cerceador da inventividade, simbolizada pelo talento incrível de Mirco, que contava histórias captando os sons da Natureza com um velho gravador da escola, convenientemente disponibilizado pelo professor.

O talento de Mirco acaba, felizmente, por envolver a todos, quando eles se reúnem para realizar uma grande narrativa de fim de ano, tendo os pais presentes a visitá-los. Recheado de personagens simpáticos, como vários amigos e a namorada, o filme capricha nas cenas cotidianas, como se estivéssemos andando por uma rua qualquer da Itália, além de, adequadamente, nos aproximar da nossa condição humana, independente das nossas capacidades e talentos.



assisti o filme... no dia seguinte, passeando pelo blog da minha amiga Astrid, encontrei este recado no mural...


LIVROS GRATUITOS PARA CEGOS E DEFICIENTES VISUAIS




Quero divulgar o trabalho maravilhoso da Audioteca Sal e Luz , que corre o risco de acabar.
A Audioteca é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos, que produz e empresta livros falados (audiolivros) . São livros GRATUITOS que alcançam cegos e deficientes visuais, inclusive os com dificuldade de visão pela idade avançada. O acervo tem mais de 2.700 títulos: literatura em geral, textos religiosos e até textos e provas corrigidas de concursos públicos. São emprestados em fita K7, CD ou MP3.

Se você conhece algum cego ou deficiente visual, fale do nosso trabalho.

DIVULGUE! ...cliquem no selo para entrar no site


Origem da postagem : Blog Navegante do Infinito


Nenhum comentário: